sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Coraline


Ficha Técnica:

Coraline e o Mundo Secreto (Coraline) EUA 2009

"Be careful what you wish for"

Diretor: Henry Sellick

Escritores: Henry Sellick (roteiro)

Neil Gaiman (livro)

Estúdio: Laika Entertainment

Elenco: Dakota Fanning, Jennifer Saunders, Terry Hatcher


Coraline é uma menina aventureira e insatisfeita com seu tedioso estilo de vida. Os pais a ignoram ou ficam zangados com ela, sua nova casa é no meio do nada e seu vizinho não é exatamente o tipo com que ela gostaria de fazer amizade. Mas, certa noite, Coraline descobre um novo mundo dentro de sua própria casa, um mundo com todas as idealizações que ela sonhou. Mas este mundo prova ser muito mais sombrio do que Coraline pensava, e ela precisa lutar para escapar do próprio sonho de realidade.

Henry Sellick dirigiu e escreveu Coraline. Isso já era suficiente para uma boa perspectiva. Responsável por produções como "O Estranho Mundo de Jack" e "James e o Pessego Gigante", Sellick sempre foi capaz de transformar inocentes fantasias em obras de arte com um toque sombrio e nonsense. E autor nenhum seria melhor para complementar o seu talento do que o brilhante Neil Gaiman, autor de MirrorMask e Sandman.

A união destes dois grandes talentos criativos foi capaz de criar uma aventura como nunca vista desde Alice no País das Maravilhas (história na qual, Coraline se inspira e muito). A personalidade forte, amarga e marcante de Coraline cria simpatia imediata na tela e não há criança ou adulto que não se identifique com os seus devaneios de um mundo ideal. Mas, como a vida não pode ser sempre capaz de nos ensinar, Coraline se vê presa na própria armadilha e começa a imaginar o que havia de tão bom naquilo que ela tanto queria.

Visualmente, Coraline é um banquete. A obra de Neil Gaiman ganha vida em cores e sons exuberantes e espetaculares, arrastando o espectador para uma viagem a um mundo onde tudo é possível e nada é o que parece. A característica da atmosfera assustadora ganha uma nova conotação quando misturada à fantasia rebelde desta releitura de Alice. O Gato Risonho está lá, a rainha vermelha também, e mesmo a toca do coelho, mas com sutileza e originalidade que transformam Alice em coadjuvante.

Coraline é a Alice do século 21. Ao invés de sonhar com flores falantes e gatos de roupas, Coraline quer uma mãe e um pai que não a ignorem pelo trabalho, quer amigos e algo para levar sua vida ao limite do extraordinário. Mas a diferença principal entre elas é que Coraline é uma lutadora, capaz de correr atrás dos próprios objetivos. A primeira cena do filme, onde uma boneca é destrinchada e montada novamente, é tão assustadora que chega a dar arrepios e nos dá um resumo do que está por vir: loucura, aventura, beleza e tristeza, tudo misturado em uma fórmula de sucesso.

Longe de ser infantil, Coraline é uma viagem que merece ser vivida por todos os espectadores que procuram algo no infinito reino da animação, feito desta vez em stop-motion, e que admirem uma boa história com personagens complexos e deliciosos momentos completamente sem sentido.


Fico por aqui hoje!

Até breve!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

DVD Curtas Pixar


Depois de um sumiço muito longo eu estou voltando com um pedido de desculpas pela falta de tempo e com uma recomendação para os aficcionados da animação, como eu.


O DVD conta com todos os 13 curtas feitos pela Pixar desde seu primeiro André e Wally B. passando pelo primeiro ganhador do Oscar Tin Toy até chegar ao mais recente, exibido na estréia de Wall-E, Lifted. Também está presente o curta Luxo Jr. que deu origem à adorável luminária que hoje serve de símbolo para o estúdio de animação.


Além dos curtas, o DVD traz um bônus contando uma pequena história do estúdio e como os curtas o ajudaram a se transformar em um dos maiores e mais respeitados estúdios de animação do mundo. O bacana é que dá pra ver exatamente a evolução do estúdio, não só na tecnologia e na computação gráfica, como na complexidade das histórias, no tamanho da equipe e no crescimento do talento.


O DVD tem uma duração média de 55 minutos e está saindo por uma faixa de R$ 25,00 na maioria das lojas. Vale a pena conferir os talentos dos grandes animadores como Brad Bird e Andrew Stanton, além de ouvir em primeira mão um pouco da história de um dos gênios do cinema atual, John Lasseter.


Os meus favoritos, caso queiram observar, são Geri's Game, Knik Knack e Boundin'.


Espero que gostem!

Fico por aqui hoje e espero voltar em breve com mais críticas e notícias!

Só falta tempo!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Doubt


Ficha Técnica:

Dúvida (Doubt) EUA 2008

"There is no evidence. There are no witnesses. But for one, there is no doubt."

Diretor: John Patrick Shanley

Escritor: John Patrick Shanley (peça e roteiro)

Estúdio: Goldspeed Productions

Elenco: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Viola Davis


Em 1964, em uma escola católica tradicional no Bronx, uma freira extremamente disciplinada levanta suspeitas sobre o envolvimento supostamente sexual de um padre com um aluno negro. O caso não tem provas, mas a irmã Aloysius alega ter certeza absoluta que seu superior cometeu um crime e ela inicia uma luta moral para derrubar o padre que revida com sermões e ameaças.

Dúvida. É com esta palavra que o Padre Flynn (interpretado por Philip Seymour Hoffman) inicia seu primeiro sermão, que é também a primeira cena do filme. Neste sermão, Flynn fala aos fiéis sobre os confrontos morais levantados pela dúvida, sobre como ela pode ser uma tortura para aqueles que buscam o caminho da justiça e de Deus. Independente das palavras, brilhantemente escritas por John Patrick Shanley, é o homem que as fala que já prende a atenção, com um carisma e força dignos de grandes líderes da história.

Mas de que homem estamos falando? Flynn ou Hoffman? O padre moderno ou o ator que lhe dá vida? A verdade é que um não seria capaz de existir sem o outro. E isso é verdade para os três papéis que compõe a trama de Dúvida. Amy Adams e Meryl Streep aparecem com uma série de contrastes, como atrizes e personagens. Enquanto a experiente Aloysius (Streep) já está marcada pelos horrores que viu na vida, James (Amy Adams) passa pelo sofrimento de defender uma ditadora ou um suspeito, ambos seus superiores e pessoas importantes na sua educação religiosa.

A própria história é capaz de despertar o interesse, deixando o espectador tão ansioso quanto os personagens que entram armados com cruzes e palavras neste combate deturpado sobre o certo e o errado. A dúvida que corrói o coração da inocente irmã James, parece ser incapaz de derrubar a certeza arrogante de sua companheira Aloysius e o espectador se vê confuso entre defender um lado ou outro.

Isso só acontece porque a situação é exposta de forma espetacular por John Patrick Shanley, mostrando os lados da história apenas de relance, deixando margem para o trabalho fantástico da imaginação daquele que assiste ao filme. O diretor se utiliza do recurso de completar as lacunas de uma história cheia de falhas e é capaz de dividir uma platéia ao meio. Se defendermos Aloysius, podemos estar condenando um menino excluído, que só tem como amigo o padre Flynn, à infelicidade. Mas se defendermos Flynn, podemos estar colaborando com um dos piores crimes que a humanidade conhece. E é neste instante de indecisão, quando já não sabemos quem defender, que se encontra a força do filme.

Dúvida é uma história sobre pessoas. Acima de tudo, sobre as fraquezas destas pessoas, sobre os demônios internos que elas tem que enfrentar e sobre as decisões difíceis que tem que tomar, nem sempre baseadas em algo sólido. Por esta razão é que o filme pode ser considerado uma obra prima: por retratar, com a competência de granedes atores, as complexas emoções da humanidade, especialmente quando enevoadas pela religião, pela sociedade e acima de tudo, pela incerteza.


Fico por aqui hoje!

Até breve!