segunda-feira, 8 de junho de 2009

La Môme


Ficha Técnica:

Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme) França 2007

"The Extraordinary Life of Edith Piaf"

Diretor: Olivier Dahan

Escritores: Olivier Dahan e Isabelle Sobelman

Estúdio: Légende Films

Elenco: Marion Cotillard, Gérard Depardiéu, Sylvie Testud, Emmanuelle Seigner, Jean-Pierre Martins.


Piaf - Um Hino ao Amor conta a história da brilhante e controversa cantora francesa Edith Piaf. Da miséria ao estrelato, o filme passa por todos os obstáculos da vida da cantora que sacrificou tudo na vida em nome da sua paixão: a música.

Provavelmente existe um milhão de maneiras para se contar a trágica história da cantora Edith Piaf. Mas Olivier Dahan pensou na milionésima primeira. A começar pelas primeiras cenas, o diretor já apela para a curiosidade do espectador, ansioso por descobrir o que aconteceu para que a protagonista desabasse em pleno (e belíssimo) palco. Gravidez? Doença? Drogas? A mente de quem assiste ao filme já se enche de perguntas e quando a câmera viaja suavemente para um bairro pobre de Paris, muitos anos antes, a satisfação de compreender as causas do posterior comportamento da cantora já se instalam.

Mas, ao contrário da maioria dos filmes biográficos, Piaf... não segue um estilo narrativo linear, contrastando a todo tempo a infância da artista com seus abandonos e sofrimentos com a vida adulta regada a álcool e problemas de saúde. É justamente nesse jogo de cenas perfeitamente executado que se encontra a beleza de Piaf e o seu diferencial. Visões sobrepostas da glória dos palcos e da miséria das ruas tem como pano de fundo as canções que marcaram época e que ainda vivem na alma da França. A reconstrução da decadente região de Montmarte com seus bordéis e cabarés só pode ser descrita como genial, servindo como cenário para a problemática infância da menina Edith, criada entre prostitutas, trocando de lar e servindo como instrumento de trabalho para o pai.

Os ângulos usados para cercar a personagem Piaf, refletem essencialmente o seu estado de espírito, encurralado como o pássaro de quem é tirado o seu nome. O dramatismo é sutil, sem apelar para as lágrimas do espectador. Embora a história da cantora seja trágica e repleta de episódios quase inacreditáveis, o diretor escolheu focar o filme em seu talento, regando todas as cenas com as canções, normalmente alegres, de sucesso de Edith. Ironicamente, uma das cenas mais belas do filme mostra Piaf no palco, pela primeira vez em um Music Hall, mas nenhum som sai de sua boca quando ela canta. Presenciamos a linguagem corporal da cantora provocando risadas e reações de aprovação da platéia inicialmente exigente. É também neste momento que conseguimos perceber parte do talento da brilhante Marion Cotillard.

A compreensão da condição de vida de Piaf é essencial para que seu comportamento reprovável e antipático seja compreendido. E, embora seja brilhante em todos os aspectos técnicos, o filme tem seu maior trunfo na performance arrepiante de Marion Cotillard, que lhe rendeu um Oscar de Melhor Atriz em 2008. A bela moça teve que se transformar na semi-corcunda, esquelética e apavorada figura de Edith Piaf com muita maquiagem e muito talento, como tinha feito a outra bela, Charlize Theron, em Monster -Desejo Assassino. Desde a postura aos contidos gestos com as mãos, Cotillard é de fazer cair o queixo e aplaudir de pé, como a artista que encarna. A voz é trabalhada para parecer com o estilo "taquara rachada" da cantora francesa e representa uma das maiores vitórias da relativamente "estreante" atriz.

Durante toda a duração do longa, o espectador é fisgado para o mundo de derrotas e tragédia que cercou Edith Piaf, judiada, abandonada, sofrida, doente, alcoolatra e extremamente talentosa. Mas ao fim, graças a competência da execução e da beleza da obra em si, é capaz de compreender porque o único conselho que Edith Piaf dá a todas as pessoas é: ame.


Fico por aqui hoje.

Até a próxima.

2 comentários:

Bruno Taurinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno Taurinho disse...

esse filme é incrível. e o Oscar da Marion Cotillard é um dos meus momentos favoritos da premiação.