domingo, 14 de setembro de 2008

Blindness


Ficha Técnica:

Ensaio sobre a Cegueira (Blindness) EUA 2008

"The only thing worse than being blind, is being the only one who can see"

Diretor: Fernando Meirelles

Estúdio: Focus Features

Elenco: Mark Ruffalo, Julianne Moore, Alice Braga, Gael Garcia Bernal, Danny Glover


Uma cidade (fictícia ou não esclarecida) é devastada por uma epidemia de cegueira que passa a ser conhecida como "cegueira branca" já que ao invés da ausência de cores, o doente passa a ver o mundo cem por cento branco. A doença é altamente contagiosa e os primeiros infectados são isolados em quarentena em um hospital abandonado e sem recursos, onde recebem comida racionada, vivem em condições de pouca higiene e instalam o caos.

Horrível. Esta é a palavra exata para descrever Ensaio sobre a cegueira. Mas não estou falando do filme, nem da execução, nem dos atores. Estou falando da condição a qual os seres humanos são facilmente reduzidos por uma terrível epidemia. Não é difícil pintar um quadro da situação: cegos desconhecidos, vivendo em um lugar sem cuidados, defecando no chão, comendo o que lhes põe na frente e lentamente sendo degradados, tendo a dignidade roubada de forma rude e primitiva. As situações que são apresentadas aos personagens são absolutamente horripilantes: não pelo fato de serem cegos, mas pelo egoísmo com que algumas pessoas conseguem transformar a vida de outras em um inferno na Terra.

A direção do brasileiro Fernando Meirelles, é uma das melhores que já vi e ele consegue transmitir com perfeição para o espectador (muitas vezes indignado) o nojo, a repulsa e a dificuldade de se viver na condição de um animal, maltratado, sujo, incapaz de cuidar de si próprio. A cena de abuso sexual, para os de estômago forte, teve de ser modificada depois de sérias críticas à violência explícita que ali se expunha. É desconcertante ver como todos os valores que nos são cuidadosamente ensinados durante a vida, se esvaem na hora da sobrevivência animalesa, onde o que prevalece é a lei do mais forte. A excelente Julianne Moore interpreta a única mulher capaz de enxergar neste universo de loucos, e descobre que talvez fosse melhor estar cega, já que ela presencia (em segredo) todas as barbáries em primeiro plano. Mas no fim das contas, é sua bondade e paciência que voltam a mostrar às pessoas que elas são mais fortes juntas, mas que nem sempre isto é possível.

O filme é feito para pensar. Para refletir sobre o que nos torna humanos, sobre até que ponto somos altruístas. Garanto que você não sairá da sala de cinema se sentindo despreocupado. A função de Meirelles foi cumprida quando ele dá ao espectador a sensação de angústia inevitável de um bom filme sobre as complexidades humanas.


Fico por aqui hoje!

Até breve!

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